terça-feira, 10 de agosto de 2010

Vá para algum lugar

Pra onde você vai?
Que itinerário te condena?
Que caminho te aprisiona?
Melhor descomplicar,
partir para algum lugar,
buscar algum lugar,
chegar a algum lugar.

Os trilhos têm destino certo,
e os que carecem de beleza,
seja benfeitora ou malfazeja,
podem se chegar.

Se cheguem os que ainda têm paixão.
Os que ainda não pereceram nos percauços da ilusão.
Os que sabem brincar com brasa de fogueira,
e que de sonhar ainda não abriram mão.

Se cheguem os que ainda querem falar,
com a boca ou com o olhar
e que sabem que entre andanças
o destino é sempre chegar.

Chegar a algum lugar.
Pra ver a verdade da ingenuidade.
Pra ficar junto sem saber porque,
simplesmente para lamentar,
humanamente criticar,
o sagrado, o profano, o doente, a gente.

E como num pensamento só
saber de tudo de todos.
Dar notícia que Biú dormiu fora de casa,
pra desasossego de Maria
e satisfação das beatas
que rezando sem cessar,
mulheres "da vida" irão culpar.

E entre goles de cachaça,
observar o bebum e ouvir o tempo passar
contado sem pressa
pela vassoura do comparsa da estação
que leva embora aquilo que já não acalenta o coração.

Da ruína de Baiô
que Deus tenha piedade
seus amores sem razão
que desafiam o que é verdade.

Há gente. Há história.
Há um trem que ninguém sabe
se veio pra sarar a loucura
daqueles que já nao se cabem
ou para atiçar a amargura
dos outro que já nem se sabem.

Esta é a história
fábula que se passa lá.
Bem longe de Nova Iorque,
e distante de Xangrilá.
Chegem os que querem fazer
esta história de algum lugar.

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